sexta-feira, setembro 21, 2007


Amei muito!

Mais do que podia minha alma.

Amei e não notei que a lânguida lambida era feita de sal.

Dissolvia em mim um cálido torrão de açúcar.


Amei muito e isto não foi suficiente.


O que dar além de minha tosca versão do carinho?


Amei muito

E muito foi pouco.


Descobri que

afinal

não estamos diante do todo poderoso.

Apenas lamento o pouco que fui de mim.

Balançando entre a docilidade e o desprezo

arranhei a mim mesmo.

Risquei aquilo que eu poderia ter sido.


Envolvido pela mediocridade

descobri que não passo de um mero botão

abotoando a casa inabitável.

segunda-feira, setembro 10, 2007

A VERDADE DAS COISAS

Neste meu silêncio azul,

Onde o que constrói

É um rio que passa, as

Flores e as vontades também,

Dos homens de boa vontade,

Há a voz do que não reina,

Testemunha antiga de muitos

Mitos contraditórios e falsos

Testamentos.

E nem lhe importa o reino.

Se flores há, se corre o rio

Ou a vontade é do homem,

Porque quererá ele reinar então,

Não é o que há e corre,

O que, já correndo, constrói,

Ou do Homem, sua vontade,

Se a vontade é uma flor,

No rio que há, porque passa,

Passou e há-de passar,

Como coisa que está

E é e será e voltará a ser,

Porque a si própria se constrói,

De sua vontade,

Já no homem verdade?

Neste meu silêncio,

Onde o azul é todo este azul

Que há e o que não se vê,

Toda a voz é a voz primeira,

Do que, embora sem reino,

Sempre reinará.

Jorge Humberto

(18/04/2004)

Poema de meu caro bardo lusitano Jorge Humberto que gentilmente nos enviou para publicação.