Ontem alegre
Hoje triste
Anteontem? nem sei...
Este é um espaço para as artes e tudo que possa ter relação com a mesma, como por exemplo, filosofia e história. Aberto a todos que queiram navegar na inutilidade de se pensar o ser humano.
Amei muito!
Mais do que podia minha alma.
Amei e não notei que a lânguida lambida era feita de sal.
Dissolvia em mim um cálido torrão de açúcar.
Amei muito e isto não foi suficiente.
O que dar além de minha tosca versão do carinho?
Amei muito
E muito foi pouco.
Descobri que
afinal
não estamos diante do todo poderoso.
Apenas lamento o pouco que fui de mim.
Balançando entre a docilidade e o desprezo
arranhei a mim mesmo.
Risquei aquilo que eu poderia ter sido.
Envolvido pela mediocridade
descobri que não passo de um mero botão
abotoando a casa inabitável.
A VERDADE DAS COISAS
Neste meu silêncio azul,
Onde o que constrói
É um rio que passa, as
Flores e as vontades também,
Dos homens de boa vontade,
Há a voz do que não reina,
Testemunha antiga de muitos
Mitos contraditórios e falsos
Testamentos.
E nem lhe importa o reino.
Se flores há, se corre o rio
Ou a vontade é do homem,
Porque quererá ele reinar então,
Não é o que há e corre,
O que, já correndo, constrói,
Ou do Homem, sua vontade,
Se a vontade é uma flor,
No rio que há, porque passa,
Passou e há-de passar,
Como coisa que está
E é e será e voltará a ser,
Porque a si própria se constrói,
De sua vontade,
Já no homem verdade?
Neste meu silêncio,
Onde o azul é todo este azul
Que há e o que não se vê,
Toda a voz é a voz primeira,
Do que, embora sem reino,
Sempre reinará.
Jorge Humberto
(18/04/2004)
Poema de meu caro bardo lusitano Jorge Humberto que gentilmente nos enviou para publicação.
Lanço olhares tristonhos
Em cada caco de memória!
Guardo a insuportável lembrança
Da felicidade, do sonho.
Explode em mim
A angústia do tempo perdido.
O longo parto da noite.
Lanço olhares doloridos
No que sobrou desse amor,
Desta miragem embaçada
Revelando a rima óbvia:
Dor.
Grito lancinante ecoando
No dia silencioso da partida.
Laço traços de aços na
Dura cortina fechando o ato,
O falso fato, de fato, nato.
Ao léu, no céu negro, a luz.
Bebo a angústia que há em mim!
Não aquela eterna do butiquim.
Apenas o João no balcão.
Bebo a angústia que há nos outros!
Não aquela querela do João.
Apenas o pião no salão.
Degusto delicadamente
Cada gole de minha derrocada,
A eterna lágrima do palhaço.
Faço o laço como desfaço
E disfarço a lágrima.
Não a do palhaço,
A do João no balcão.